quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Não Acredito

Osmar Ludovico

Não acredito em respostas prontas estereotipadas e definitivas, mas em ser apenas um aprendiz, aprendendo sempre, num processo sem fim de aprender, desaprender e reaprender.
Não acredito em estratégias, modelos ou planos religiosos definidos e reproduzíveis, mas nas surpresas do dia-a-dia vivido na presença de Deus, no convívio familiar e comunitário.
Não acredito em projetos ministeriais importados e apostilados, mas no serviço simples, contínuo e discreto em favor dos pobres.
Não acredito em técnicas de evangelização, mas sim em pregar o Evangelho o tempo todo com a vida e, quando necessário, usar palavras.
Não acredito no barulho e na agitação, mas sim no recolhimento e no silêncio.
Não acredito em busca de poder religioso que alimente ambições pessoais, mas sim no poder que se aperfeiçoa nas minhas fraquezas.
Não acredito no que acontece sob os holofotes e é propagandeado, mas no imperceptível, no pequeno, no gesto simples do quotidiano.
Não acredito em lideranças personalistas, mas em servos anônimos que refletem a vida e o caráter de Cristo.
Não acredito num Evangelho explicativo, argumentativo, teórico, mas no Evangelho que me coloca em relação afetiva com Deus, comigo mesmo e com meu próximo.
Não acredito na linguagem da motivação e da auto-ajuda, mas na linguagem da intimidade que encontra espaço para afetividade e confidências.
Não acredito na teologia da prosperidade, mas numa teologia que gere quebrantamento, humildade, simplicidade e serviço desinteressado.
Não acredito em crentes bonzinhos e certinhos, mas em gente real que erra e se arrepende e não tem vergonha de se apresentar como pecador remido pelo sangue do Cordeiro.
Não acredito em oração que busca conforto pessoal, mas em oração que clama por santidade pessoal e engajamento por um mundo mais justo.
Não acredito em oração gritada em público com o intuito de chamar atenção sobre si, mas na oração no secreto onde ninguém vê e ninguém sabe.
Não acredito em testemunhos, livros e conversas de pessoas vitoriosas em tudo e que nunca erram, mas em pessoas reais que se alegram e se entristecem, têm virtudes e têm defeitos.
Não acredito em práticas religiosas produzidas pela mente humana, mas naquelas que são fruto de uma intimidade com Deus.
Não acredito em igrejas de classe média voltadas para si mesmas e sem visão social, mas naquelas cujos recursos humanos e financeiros são disponibilizados para missões e para os pobres.